quarta-feira, 15 de setembro de 2010

GODSPEED!

O nó na garganta não me deixa dizer mais do que vai e torna tudo o que projectaste realidade.


those who have higher thoughts are ever striving;
they are not happy to remain in the same place.
Like swans that leave their lake and rise into the air,
they leave their home and fly for higher home.
the Dhammapada

domingo, 5 de setembro de 2010

OS TIROS!


A malta ganha barba, ganha espinhas, dores de cabeça, prazos, horas de entrada e horas de saida, ganha até coisas que preferia perder, perde outras que preferia manter para sempre, e sempre sempre, o tempo não pára para pedir licença, do vai e não vai, do que é e não poderá mais deixar de ser.
As roupas trocam-se, os quartos sucedem-se, as prioridades mudam-se, as caras transformam-se, os hábitos vão ganhando uma regularidade nunca antes questionada, deixa tudo de ser tão simples como ir até á escola e ouvir meia duzia de palavras, escrever um sumários e regressar para o mesmo sitio de sempre, ouvir as mesmas musicas, comer o arroz de frango, ver o jornal da noite sentado com o patrão ao lado, mandar vir com o irmão que mexeu na colecção de discos, com a irmã que quer boleia para todo o lado ou simplesmente com o cão que não pára de ladrar lá fora.
As olheiras vão fazendo parte deste dia-a-dia com sentido mas que por vezes trás a angústia de uma bola que rola para a frente, felizmente, mas que por vezes merecia ser a bola de capão que se desgastava no cimento do ringue dos tropas, com o garrafão de cinco litros ao lado das redes furadas e dos bota-fora intermináveis.

Felizmente, continua a haver um dia do ano, em que as sapatilhas rotas, a t-shirt desbotada, o calção furado, a meia com o dedo de fora, a sardinha e a fevera na grelha abrasada, o "OU! PUM PUM!", a peladinha, as silvas e arbustos, o sôr Cunha dos pratos, as malhas no ar, a lerpa, as idas ao café com a bandeja a voar, a reunião quase familiar que nós faz sentir que pertencemos a um lugar especifico, a um núcleo que se mantém duro, que se têm vindo a formar , com perdas e ganhos, mas com o seu sentido no sitio. Houve quem lhe chamasse irmandade, eu fico-me pela amizade.

Desde que existo, me recordo que este dia igualmente existe, sem fábulas ou contos de encantar, tão simples como por um dia deixar tudo para trás, jogar á bola com o meu pai, ver o meu irmão a crescer, a minha irmã a liderar no beat, a minha mãe com uma paz invejável, tudo no seu lugar, tal qual vinte anos atrás quando era apenas eu e a Belinha, o Leão, o Chico, o Júlio, e alguns outros dos quais não me recordo os nomes, só as caras que chamavam por um André bastante perdido e aluado, que corria atrás dos pratos enquanto os chumbos das finanças ainda zumbiam no ar...


Tudo isto porque as partidas são inevitáveis, e um irmão partiu há dias, e só lhe pude dizer aquilo que neste dia faz sentido, aquilo que tenho retirado deste dia mais feliz do ano, aquilo que retenho de um toy story 3 com arrepio na espinha e lágrima no canto do olho, de um comixzone jogado até ato tutano, de um disco de rage against the machine ouvido até riscar, de um martelo a partir um carro de colecção até se mudarem rodas por rolhas, de umas meias nos punhos e umas cuecas na cabeça, de uma bola do barcelona da nike jogada durante quinze dias a fio no relvado cá de casa, ou de um baloiço que é tão digno que não pode ser sbstituido por um saco da everlast... : que mais do que nos valorizarmos, há que manter os nossos valores e crenças.



Pennywise - Yesterdays