quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

SLEEPING SICKNESS

É nesta época que revemos o que somos. Agarrados ao que gostaríamos de receber e sem pensar no que deveríamos dar.
Gostava de me ficar pelo simbólico, pelo simples abraço ou beijo na testa.

Ansiamos mais que isso, procuramos mais que aquilo, queremos o dever de ter mais do que isto.
Que o dia junte todos aqueles que materializam os pedaços partidos do nosso mundo, que mais uma vez unidos, o façam girar com naturalidade.
E que seja pretexto para se passarem as infinitas horas à lareira, se coma o bacalhau com aquelas batatas e aquele azeite que tão bem sabem nesse dia, que se troquem os presentes e que se contem as histórias e se espere pelo ano que vêm.

E daqui a pouco mais de uma semana conto vinte e três, e ainda me lembro de quando faltavam sete dias para fazer doze, fui aos correios fazer o cartão jovem e por faltarem esses míseros dias não me deixarem antecipar a época de filmes maior de doze anos que podia desbloquear na biblioteca, e ter um cartão onde se lia que era jovem e tinha uma fotografia e direitos como todos os outros. Descontos e afins.
Por esses sete dias, negaram-me o cartão que significava tanto e tão pouco.
A verdade é que nunca mais lá fui, não sei se por vergonha, se por desilusão, se por preguiça.
Ainda posso fazê-lo?


City and Colour - Sleeping Sickness

I awoke only to find my lungs empty,
And through the night, so it seems I'm not breathing.
And now my dreams are nothing like they were meant to be,
And I'm breaking down, I think I'm breaking down.

And I'm afraid to sleep because of what haunts me,
Such as living with the uncertainty
That I'll never find the words to say which would completely explain
Just how I'm breaking down

Someone come and, someone come and save my life
Maybe I'll sleep when I am dead,
But now it's like the night is taking sides
With all the worries that occupy the back of my mind
Could it be this misery will suffice?

I've become a simple souvenir of someone's kill
And like the sea, I'm constantly changing from calm to ill
Madness fills my heart and soul, as if the great divide could swallow me whole
Oh, how I'm breaking down

Someone come and, someone come and save my life
Maybe I'll sleep when I am dead,
But now it's like the night is taking up sides
With all the worries that occupy the back of my mind
Could it be this misery will suffice.

Someone come and, someone come and save my life
Someone come and, someone come and save my life
Someone come and, someone come and save my life
Could it be this misery will suffice.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ENDLESS ROADS!

A capacidade de alguém escrever algo que depois irá servir de barreira, de bóia, de corda, de aconchego, de poema, de lição de vida, de oração, de lenço de papel, de avião de papel ou de papel para limpar o cú. Qualquer uma destas opções se traduz num dom. Num rasgo de genialidade, premeditado ou ocasional, recalcado ou operacional, um gesto curto ou uma peça teatral.

Porque nos sentimos bem quando alguém materializa a nossa alma, a nossa dor ou alegria, nos afagam o sangue da ferida ou nos limpam as lágrimas do peito. Sabe bem, ainda que distante, ainda que sem sequer a conhecer, aquelas palavras transmitam um sentimento interpretado por cada um mediante a situação de cada qual. Eu a isso junto a emoção do instrumental da garganta rasgada, do riff que agita o coração, da tarola que marca o pulso, do prato que explode a revolta.
Difícil passar para a palavra a força que a palavra move, o que ela tira do sitio.

Como a madeira que parte a pedra quando a água a penetra.

é assim que me sinto.


MILES AWAY - GHOSTWRITER

What did you expect, it’s always been this way
Looking for the chance to finally feel complete
Years fly by, you only live the past
Disowned, by myself, don’t ask why
I’m losing battles that I’ve already won
I’m fighting demons that are already dead

Because you left
Left that space inside my head
Empty space without a trace
Feelings all but lost inside
Emotion hard to fight, emotion now is hard to find
The full void, an empty well
Cobwebs in a jaded hell

These are the things that I don’t want you to hear
The hidden traits that I fucking fear
There’s certain things I keep inside
The dark side of my mind
There’s certain things I cannot find
The dark side of my mind
These are the things that I don’t want you to see

Say goodbye to all of those thoughts
Say goodbye to everything
Say goodbye to a mind locked in the past and all I’ve kept inside
Breaking and taking this home I’ve been making
Waking and faking these breaths I’ve been taking

Life takes a hold, time takes its toll
Life takes a hold, takes control

domingo, 5 de dezembro de 2010

CONVICÇÕES!




Convicção é levar porrada pela palavra,
é não conseguir parar de bater a perna, de respirar com frequência, de berrar baixinho, de dizer que sim para dizer que não, para voltar a dizer que é possivel e que se vai em frente. Não interessa como. É fazer as contas e sobrar um euro, é olhar para a frente e ver as beatas no chão e o esfregão a sorrir. É olhar para o lado e ver mais três ou quatro até ao fim, a puxar o peso contigo, a lutar por algo que mais ninguém vê.
Convicção, é cuspirem-te na cara e não arredares pé, gozarem com aquilo que ergues mas não mexeres um centimetro, é empurrarem-te e tu nem te mexeres, rirem e tu ne ouvires.
Convicção, é toda a convulsão interior, na perda ou na vitória, na paz ou na tempestade, na sombra ou ao sol, de dia ou de noite, com chuva ou com frio, suado ou seco, a dormir ou acordado. É tudo aquilo que faz sentido e que te faz mexer e que te faz chorar e te faz sentir e te preenche e te deixa aquele vazio notivago longe, que te deixa de barriga cheia mesmo comendo depois de toda a gente aquilo que toda a gente junta não comeu. É a única cerveja fresca que ficou no final de uma noite em que a frescura já não perdura. São todos os décibeis e todas a bandas e todos os nãos e todas as setlists e todos coros e todos os berros e todas as canções de odio de amor de paz e de guerra e todas as t-shirts rasgadas e espelhos partidos e garagens ocupadas e salas largadas e mesas partidas cadeiras no ar vidas sentidas e horas sem par. Todo o pó que se vai comendo só com um sentido único e sem inversão de marcha, seja ela na descida ou na subida, em primeira ou em segunda, ou numa quinta a morrer. São todos os sentimentos que te fazem ficar, desejar não estar, pensar não viver de novo, ou querer repetir.
São as merdas que se entalam na garganta, quais espinhas agudas, encravadas na carne que te faze sangrar.
São as horas perdidas, as chamadas largadas, os olhos negros e noites sem descansar.
São os berros sentidos, as palavras na cara, os poemas descritos em horas de orar.
Todos as caneladas nas pernas, nodoas negras nos braços, cabelos puxados, costas dormentes, discos desfeitos, cabeças rachadas, e todas as letras sentidas que te fazem amar.
Convicção, é no fundo, dormir sem dormir, andar sem andar, correr sem parar, tremer sem falar, e fazer sem poder tremer. É tudo aquilo que todos negam, que poucos suportam e raramente seguram, mantendo junto do peito, no negro ou no brilhante no belo ou no feio, como heroi ou camelo.
Desde 2004, o Fernando nunca disse que não.
Eu também, que me lembre, nunca suportei essa palavra.

PENNYWISE - CHANGE MY MIND

every time i talk - you just say i'm wrong
i can't take it anymore a thousand lies a billion strong
you have to be right - you argue all the time
make your point and then shut up you're never gonna change my mind
no - ain't gonna change my mind - you bug me everyday
just let me see it my way - ain't gonna change my mind
i want you to stop you're closing in on me
just get off my fucking back - aren't you ever gonna see
wasting all your time - with all the things you say
get this through your head - everything can't be your way
you try to deny all the things that you can't hide




forte abraço e obrigado aos que nestes sete anos, estiveram na fila da frente, carregaram colunas, levaram mesas, comeram bifanas, passaram esfregão, tiraram finos, saltaram do palco, saltaram no palco, lamberam o chão, partiram dentes, abraçaram o estranho, largaram o preconceito, deixaram o filme de sabado em casa, ultrapassaram a apatia.
E obrigado á minha avó pelo maravilhoso assado no forno que foi sendo feito no seu forno a lenha lá da rua da Atafona. Pilar de betão forte que nunca tremeu nem deixou tremer.
E ao amigo Leão que desde miudo nunca falhou.