domingo, 18 de agosto de 2013

A BROKEN SKYLINE biatch


Já estava deitado, janela entreaberta, irrequieto, pulso a mil, a mirar o escuro. Completamente estourado, com a vontade de perguntar e conversar que a noite trás consigo. Headphones na mesinha de cabeceira, estrategicamente colocados para situações como esta. Tinha sacado umas malhas uma a uma e as colocado numa pasta chamada JESSE, no mp3 do celular. Acendeu-se uma luz lá no vazio, percorri a biblioteca num ofegante silêncio até encontrar o directório que procurava. Ia seguindo ligeirinho musica a musica, vendo o desfile de ensaios na garagem do Telmo, o gig das listas na escola secundária, o auditório do CCC, o carregar e descarregar de material, de sala em sala, mala em mala, a ibanez laranja, os pedais avulsos, as discussões sobre o cedric e o omar e o jim e o tony e o paul e todos os serões daquele verão, o último antes dos compromissos diversos,  a ver videos de todos concertos que um dia gostávamos de ter dado.
O impulso ergueu-me do colchão, abri o portátil, liguei os phones de novo, procurei o acampamento de Jessica e o play. Comecei a bater teclas na tela branca e veio-me à memória que faz hoje um ano e pouco, seguia no comboio para Contumil, com as mesmas malhas cruas, sem tratamento, gravadas no cubo, puras, sem maquilhagem, só com flow, esgalhanço atrás de esgalhanço, e lá ia cantarolando a minha demo favorita de todos os tempos. Durante este ano e tal, fui rolando a cassete até a fita se espalhar por todos os nervos do sistema, vezes sem conta, sem o nexo do chão por de baixo dos pés, sem o cabimento do demasiado premeditado até que Jesse de novo renasceu.
Em cada segundo vejo os mesmos, tarolada acima e abaixo, em coros intermináveis vindos lá do fundo da inquietude de Santa da Luzia.
E agora, a conversa está agradável, a comida estava boa e o vinho no ponto, mas vou ter de abandonar, com olho aberto e outro fechado, uma dor de cabeça do inferno, com os óculos tortos e turvos das dedadas, ouvidos sangrados e faqueiro arreganhado.

Saquem, passem, roubem, ofereçam, gravem em disquetes compactdisks minidiscks cassetes dats zips pens, ou escrevam tudo em papeizinhos aos milhares pelo ar, por todo lado, até que toda a gente se canse de vos ouvir e de ouvir falar dizer e espernear e esmagar a cabaça as vezes que forem necessárias para nada.




REACHING BEYOND THE STARS, 
across the everything! 
glance 
to the other side of forever...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

AMARRAS




SENTI O BAFO DA CRENÇA
A ROÇAR NA MINHA FACE
SENTI O MAR E O TEMPO LARGUEI AMARRA
PARA NO FIM NAUFRAGAR

POR MIM MAIS NINGUÉM
EU SEI QUE VOLTAREI A ZARPAR
METADE DO QUE FOI, METADE DO QUE SERÁ
PARA NO FIM LÁ VOLTAR


ATÉ AO FUNDO DO MAR
MIL ANCORAS LARGAR



ABRO PANO PARA NORTE


SOPRO O VENTO NA VELA



ONDE VAZIO ESQUECE


ONDA GIGANTE RELA!




ATÉ LARGAR, ATÉ ROMPER!

SÓ ESTOU, E SÓ VOU ESTAR! 

SERENO A NAVEGAR








ATÉ AO TOPO DO CÉU!



COMO ROCHA COMO TRONCO COM O TEMPO PASSAR
COM O SENTIDO E COM A RAÇA VENDO MUNDO GIRAR
MOI NAO MATA
DOI CORROI
MAS VAI QUE DÁ!



AVISTO TERRA AVISTO GENTE
LARGO VELA NO AR
NO AR

quinta-feira, 30 de maio de 2013

RUNAWAY

Somos dos que fazem parte do grupo dos perdidos.
Aqueles que estão perdidos por aí, pelos aeroportos, pelos escritórios, pelos centros de auto-ajuda, pelos correios, pelas vielas e estradas fora. Uns pedem indicações aos que falam línguas incompreensíveis, outros perguntam porquês, alguns descem escadas e questionam pai mãe e irmãos, outros sozinhos, apenas tem as paredes para mirar e apreciar o seu branco cal adoçado pelos dias.
Alguém que não eles, há não sei quanto tempo atrás, escreveu sem corrector, calcou merda e não limpou, e de forma consciente e egoísta, borrou alcatifas, carpete de entrada, toalha para os pés, entrou deitado nas camas, sentou à mesa e comeu, passeou-se pelos lados em que dormia melhor, e as solas dos pés já ganhavam a crosta de todo o esterco que minava todos os campos sobre os quais caminhavam.
Aos que se seguiram, surgiram miragens e miragens de desertos de alcatrão, sobre quatro rodas, duas rodas, de viola às costas,por onde foram todos seguindo, um por um, mato adentro.
Uns acharam a insatisfação, outros a felicidade da inocência, de garganta seca, peito esvaziado,  a grande maioria, achou os vácuos de todos os não lugares mentais por que passaram.
Hipotecas.

Cagaram para a taça como se a taça fosse deles,
mas não era.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

PROMISES KEPT






the fall, you see, collapses above your feet around your neck,
increase, all those things turning into

the fall, you see, collapses above your feet around your neck,
increase, turning into nothing.