Foi provavelmente isso.
Terá sido algo do género. Algo parecido, o que me foi acontecendo, anestesiado, ora apavorado ora em extase, numa ascenção que também, tal qual a subida, a pouco e pouco foi voltando a pousar, ainda que dormente, ainda que sem todos os sentidos aptos, mas que curiosamente, manteve a orientação no lugar quando tudo estava fora do sítio.
Mas ainda demorou, ainda está a demorar, talvez ainda irá durar mais uns dias, meses, anos numa perspectiva negra e cruel.
Mas as pancadas já não deixam só uma marca avermelhada, seguida de uma mancha de um negro-escuro quase vermelho escarlate cor-de-vinho.
Empurram-nos, empurramo-nos, caímos, espezinhamos, continuamos a correr. Ready to start.
Vamos olhando em frente mas a neblina deixa ver pouco, daquilo que é certo, daquilo que é correcto, daquilo que ainda somos nós, do que deixamos de ver, do que deixamos de ser, de todas as coisas das quais a crença, já não reza na história.
Aos pontapés, e muitos aos xutos, foram deitando a perder, deitando fora a mágoa que magoava o sentimento da revolta colectiva de um país que sempre sempre se viu neste falso arranque, do sorriso amarelo, da esperança perdida, do " porreiro pá", do que fica sempre á porta, dos que tentam em vão dar um pontapé pra frente, no fado e na bola.
A cinza de D.Sebastião, o pronuncio de morte de um Adamastor que vive dentro de cada um de nós, que nos atormenta de noite, que nos sussurra baixinho, que nos leva na corrente de dias que parecem tirados a químico, qual papel Ilford sobre luz vermelha, quase quase pronto a queimar mais um retrato de traços rudes.
Provavelmente, no final, tudo será igual, igual ao pó que daqui sairá, seja do penico em crise desde os 500s, seja do império do sol pronto a se "in"surgir e a comprar barato. No fim, será preto, será branco, será a merda que alguém quiser, que tudo fosse tão simples quanto ter os nossos bem e no sitio certo, quase como o livro da prateleira que se revista de tempos em tempos, em busca de uma virgula que desapareceu ou de um ponto final novo. Os pontos esses, vão aparecendo, as conversas vão ficando e as lembranças flutuam como a mesma névoa que todos os dias nos aparece, seja no peso que nos empurra para a cama, seja no empurrão que levamos no autocarro, ou o empurrão real de que com um vazo na testa ou um súbito fervilhar do coração, tudo isto se desvanece.
Para o bem e para o mal, é no fim da noite, no inicio dela, no meio ou ainda de dias, nos nossos, ou nos dos que ainda estão para vir, que este enorme calhau á deriva neste tremendo vazio espacial, irá ficar. Porque há sempre tempo para um rewind, para um premir de botão, o ciclo repetir-se-á, os malandros voltarão a sorrir, os covardes voltarão para o seu cantinho e os heróis levarão com a chapada na tromba, aquela que vem depois da vitória, com o trofeu na gaveta das meias, a coluna estalada de tanta emoção e o sorriso de outros tempos perdido na memória dos flashes.
De que vale todo o carrosel, se no final temos uma mesa onde se sentaram seis e agora se senta metade de nós.
É tudo tão simples e complicado, tão cru e tão errado, por certo que, pensando pouco e bem, a matemática diria que dois mais dois seriam quatro.
The Arcade Fire - Ready to start
Terá sido algo do género. Algo parecido, o que me foi acontecendo, anestesiado, ora apavorado ora em extase, numa ascenção que também, tal qual a subida, a pouco e pouco foi voltando a pousar, ainda que dormente, ainda que sem todos os sentidos aptos, mas que curiosamente, manteve a orientação no lugar quando tudo estava fora do sítio.
Mas ainda demorou, ainda está a demorar, talvez ainda irá durar mais uns dias, meses, anos numa perspectiva negra e cruel.
Mas as pancadas já não deixam só uma marca avermelhada, seguida de uma mancha de um negro-escuro quase vermelho escarlate cor-de-vinho.
Empurram-nos, empurramo-nos, caímos, espezinhamos, continuamos a correr. Ready to start.
Vamos olhando em frente mas a neblina deixa ver pouco, daquilo que é certo, daquilo que é correcto, daquilo que ainda somos nós, do que deixamos de ver, do que deixamos de ser, de todas as coisas das quais a crença, já não reza na história.
Aos pontapés, e muitos aos xutos, foram deitando a perder, deitando fora a mágoa que magoava o sentimento da revolta colectiva de um país que sempre sempre se viu neste falso arranque, do sorriso amarelo, da esperança perdida, do " porreiro pá", do que fica sempre á porta, dos que tentam em vão dar um pontapé pra frente, no fado e na bola.
A cinza de D.Sebastião, o pronuncio de morte de um Adamastor que vive dentro de cada um de nós, que nos atormenta de noite, que nos sussurra baixinho, que nos leva na corrente de dias que parecem tirados a químico, qual papel Ilford sobre luz vermelha, quase quase pronto a queimar mais um retrato de traços rudes.
Provavelmente, no final, tudo será igual, igual ao pó que daqui sairá, seja do penico em crise desde os 500s, seja do império do sol pronto a se "in"surgir e a comprar barato. No fim, será preto, será branco, será a merda que alguém quiser, que tudo fosse tão simples quanto ter os nossos bem e no sitio certo, quase como o livro da prateleira que se revista de tempos em tempos, em busca de uma virgula que desapareceu ou de um ponto final novo. Os pontos esses, vão aparecendo, as conversas vão ficando e as lembranças flutuam como a mesma névoa que todos os dias nos aparece, seja no peso que nos empurra para a cama, seja no empurrão que levamos no autocarro, ou o empurrão real de que com um vazo na testa ou um súbito fervilhar do coração, tudo isto se desvanece.
Para o bem e para o mal, é no fim da noite, no inicio dela, no meio ou ainda de dias, nos nossos, ou nos dos que ainda estão para vir, que este enorme calhau á deriva neste tremendo vazio espacial, irá ficar. Porque há sempre tempo para um rewind, para um premir de botão, o ciclo repetir-se-á, os malandros voltarão a sorrir, os covardes voltarão para o seu cantinho e os heróis levarão com a chapada na tromba, aquela que vem depois da vitória, com o trofeu na gaveta das meias, a coluna estalada de tanta emoção e o sorriso de outros tempos perdido na memória dos flashes.
De que vale todo o carrosel, se no final temos uma mesa onde se sentaram seis e agora se senta metade de nós.
É tudo tão simples e complicado, tão cru e tão errado, por certo que, pensando pouco e bem, a matemática diria que dois mais dois seriam quatro.
The Arcade Fire - Ready to start
p.s. foto lá longe, perto dos barcos encontrada no báu da nat.
"De que vale todo o carrosel, se no final temos uma mesa onde se sentaram seis e agora se senta metade de nós."
ResponderExcluirNao podia estar + de acordo
e, às vezes, a matemática é sobrevalorizada.