segunda-feira, 3 de maio de 2010

O FRANCIS CORREU EM KATHMANDU


Sai ao final do dia do Florid Hotel, ia com o charles, paramos para comprar umas bolachas de coco, fruto que cai da arvore nao fruto que todos os dias damos, e continuamos pelo Thamel a ver as lojas a reabrirem. Eram seis horas, depois dos motins do dia, a vida ia-se retomar por umas escassas duas horas. O meu alvo era comprar um postal de Kathmandu que tava prometido para o gajo do core la' da terra e o the Tesseract do Alex Garland. Li o The Coma em algumas horas no dia anterior, sou adepto dos filmes que ele fez com o Danny Boyle e queria ler a outra masterpiece do mestre. Fui saltando de loja de livros em loja de livros.

A rua estava movimentada, os botecos casa sim casa sim casa nao, estavam abertos, o artesanato espalhado nas ruas, as roupas penduradas nas portas e portoes de ferro, os mapas e bones e chapeus e chas das indias pontilhavam a ruela.

ZUM ZUM ZUM ZUM ZUM ZUM ZUM ZUM ZUM ZUM ZUM ZUM

De repente comecaram-se a ouvir berros, cantigos, barafunda. Os lojistas comecaram a recear desacatos, vidros partidos, agressoes, viloencia gratuita a quem nao obedeceu a' paralizacao nacional. Todos os portoes de ferro comecaram a ser encerrados, as pessoas agitaram-se, o ar ficou pesado, eu olhei o final da ruela.

Ai vinham eles, a formarem cordoes humanos, a varrerem a rua, as pessoas recuavam, os turistas com passo rapido mantinham distancia, disparavam uns flashes timidos. Praguejei, deixei a maquina em casa e o filme nao tinha a sensibilidade indicada.
Gelei, voltei a mim, arrepiou-me a tripa, pensei de novo, acordei.
Ja so se viam luzes vermelhas, laranjas, fogo nas tochas dos tumultos, centenas de tochas corriam a rua, e eu primeiro a passo rapido, depois a jogging, depois a Francis Obliculo comecei a puxar pelas pernas. O Charlie concordou que realmente era melhor correr, nao esperar para ver no que dava. Como diria o Vitinho, amandar cos punhos e' uma coisa, biqueirada tambem, mas desde miudo me dizem que se brinco com o fogo mijo na cama a' noite, ou quem brinca com o fogo magoa-se, e nao ha herois.

Teve a sua piada.

Hoje vooei num 757 manhoso da Royal Nepalese Airlines porque o voo da Air India nao foi realizado devido ao motim, que reteu o carro que transportava a crew ate' ao aeroporto. So pensei para mim mesmo que se se tivessem levantado as quatro da manha para apanhar um taxi com o quatro piscas que nao parava em luzes e fazia curvas em contramao benzendo-se de cinco em cinco metros, talvez tivessem chegado a tempo.

Hoje foi o primeiro reencontro. Delhi.
Parece tudo normal, banal, pacato.
Ha tres meses atras deixou-me agarrado as cordas, quase arrumado ao primeiro Round.

Os Adeus ja comecaram, quase terminaram ate'.
Vao comecar os reencontros e com isso os abracos, os beijos e os murros no estomago.



Como estou que pareco um niendertal, vai um cromagnon.

Cro Mags - World Peace



Run Forrest Run poderia tambem ter sido o titulo deste conto.

4 comentários:

  1. ri-me bué:

    e eu primeiro a passo rapido, depois a jogging, depois a Francis Obliculo comecei a puxar pelas pernas.

    ahahahah imagino o panico dass!!!

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  2. que cenário! :) devias msm tr levado a máquina, não que já não tenhas fotos mais que excelentes! :D

    que tal é a sensação de voltar? ;)

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  3. ahah cada post neste blog dá-me sempre uma razão para sorrir, mais que não seja as tuas desventuras!

    obrigado pelo apoio, e dia 15 lá estarei, se tudo correr bem, para cantar essa bela malha que só certos e bons é que sabem o que vale! one love*

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  4. Devias fazer um livro com as fotos e as memórias! =) as fotos são brutais.

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