Os peixes aproximavam-se das canelas e dos braços à procura de tecido morto, vindo em vagas, sempre que nos encontrávamos estáticos, a flutuar na água transparente e opalina. Com o sol descoberto, víamos bem até os sete metros de profundidade, numa visão que vicia pela cor e tranquilidade, mantendo-nos estarrecidos, enquanto a latência da nossa respiração nos embala. Apenas faltava aquele narrador - Eduardo Rego-, com o tom pausado e pomposo que o caracteriza, falando-nos no espectro da BBC vida selvagem. No inicio, a historia de andar com o nariz tapado e um tubo encaixado entre os dentes, fez -me engolir umas litradas de agua salgada. Tal como a aprendizagem da natacao com o juneca em Paredes, a partir da aflição e com a cautela de não me afastar demasiado do barquinho, lá encontrei a calma para flutuar e apreciar. Incrível. Podia tentar apontar os peixes numa caderneta de cromos, ou comparar as imagens dos corais com as que via na Sic, ao domingo de manhã, em casa da avó Mariazinha, alternativa às missas da tvi e do alternativismo da dois, enquanto mastigavamos um pão com ovo estrelado.
Alinhamos num taxiboat à volta da ilha, com malta que tínhamos conhecido. Regateamos e fizemos a dança do costume, de posto em posto, na caça do melhor preço. Ao Remi e Agatte, juntaram-se outras duas parisienses e o Robin, que tinha conhecido num treino aquando a chegada à ilha. Ninguém tinha pressas ou must dos, e perante tal falta de exigência, o que veio à rede era peixe. Como diz o outre, o que vier morre. Rapamos a fome de água, sem grande coisa para comer a nao ser as oreo que levavamos no saco xpto que nao metia agua - supostamente. Quando voltamos de uma paragem, o nosso motorista estava a fumar um bongo com outros tantos motoristas na embarcação do lado. Vinha meio Genésio mas o calo era tanto que o bateaux até rasgou alcatrão.
Foi este passeio que reforçou a ideia de que a ilha era o lugar ideal para descansar, treinar e sair. Ir a Koh pa nGhan para a full moon party podia esperar outro ano, e as koh phi phi a um dia de viagem e com chuva, poderiam aguardar uma visita de si mais pausada. Já tínhamos corrido muito. No fim da maratona, anda-se a ritmo lento para baixar o batimento cardíaco. Era começar a fazer picos pela ala para rebentar no placard da Gillete ou Rexona lá ao fundo, à la José bosingwa, sem olhar para área, remate em forca contra o espectador atento. Pe direito cego e o esquerdo nao ve.
Nesse dia fomos todos jantar. Parecia que todos se conheciam há bastante tempo, tal era a cumplicidade. Acabamos num show de lady boys, formato chuva de estrelas, com direito a playback, e, caso o freguês tivesse tomates, lap dance e afins. Entrada livre mas com bebida a custo de bar de meninos, lá consegui dividir uma cerveja de cinco euros com a Ana. Deu para perceber que a cena do trainspotting no banco de trás do carro, por estes lados há de ser mato. Ney Matogrosso. Algumas, com o barulho das luzes, juntando uma carroça cheia à travessia do deserto, adquiriam jogar no Balazar, dentro de muitas normas e standards europeus. Brace yourselves, Winter is coming. Houve quem dissesse que já tinha comido pior e a pagar. E a Asae não ia meter o bodelho no bizz.
A ilha foi esvaziando.
Tínhamos sempre pé e quase que nos sentavamos antes da orla de corais que forrava toda a frente de mar da sairee. A palmeira lá do quintal era das mais requisitadas para fotos, e das que mais sofria com turista burro a trepa-la. No inicio tambem fomos burros a querer trepa-la, depois ficamos normais outra vez. As palmeiras, com sede de vinganca, ainda nos tentaram partir a cremalheira com cocos lançados à má fé, aquele biqueiro que dás no mosh pit, ao calhas mas a saber que é pro mesmo que te acertou com o cotovelo no sing along da malha anterior. Um desculpa lá mas foi de propósito. Ainda bem que caíram ao lado. Quase que deram agua de côco vermelha e grates.
Falando de KOs, o combate no sairee stadium teve dois portugueses da equipa de muay thai do marítimo. Gente boa onda e prestável. Ganharam os dois combates, e, só comigo e com a Ana na bancada, já pareciam estar a jogar em casa. Só faltou berrar golo ou falta. Os palavrões e as palavras de incentivo estavam todas lá. Até ficaram confusos ao ouvirem tanta palavra de carinho, enquanto ritmavam a distribuição de bufetadas a torto e a direito no ringue. O Arara fez um knockout com quatro joelhos seguidos, o um ultimo com um clinch perfeito. O lutador tailandês adormeceu e foi caso de policia para o acordarem. O Alberto Joao veio dizer que era valido, que estava tudo dodo, e que portantos, havia de seguir o carnaval que a vitoria era nossa. O Ingles que foi para o combate a pensar que ia fazer boxe britanico, levou uma penhanha pela direita que nao so caiu redondo, como se foi cruzando conosco durante o resto da estadia, com um olho a belenenses que nem o Jesus, nos tempos aureos em que nem na playstation ganhava ao fifica, tinha feito melhor. Ca padrada.
À parte de tudo, demos por nós a pensar, enquanto a cabeça estava fora de água, na categoria de lugar e pacatez de vida - ócio diria Pessoa, nem posso acreditar dizíamos nós. Ao fim de alguns dias da rotina de treinos, praia, pizza, chang fresca, panquecas com banana, fruitshakes e caminhadas, parecia que já lá morávamos há meses.
A palmeira e o mar continuaram bonitos, apenas menos surpreendentes que no início.
Hoje fugimos para sul, para ver as torres da Bilonia, quem la vai nunca mais torna, em Kuala Lumpur.
Stereophonics - Maybe Tomorrow
Alinhamos num taxiboat à volta da ilha, com malta que tínhamos conhecido. Regateamos e fizemos a dança do costume, de posto em posto, na caça do melhor preço. Ao Remi e Agatte, juntaram-se outras duas parisienses e o Robin, que tinha conhecido num treino aquando a chegada à ilha. Ninguém tinha pressas ou must dos, e perante tal falta de exigência, o que veio à rede era peixe. Como diz o outre, o que vier morre. Rapamos a fome de água, sem grande coisa para comer a nao ser as oreo que levavamos no saco xpto que nao metia agua - supostamente. Quando voltamos de uma paragem, o nosso motorista estava a fumar um bongo com outros tantos motoristas na embarcação do lado. Vinha meio Genésio mas o calo era tanto que o bateaux até rasgou alcatrão.
Foi este passeio que reforçou a ideia de que a ilha era o lugar ideal para descansar, treinar e sair. Ir a Koh pa nGhan para a full moon party podia esperar outro ano, e as koh phi phi a um dia de viagem e com chuva, poderiam aguardar uma visita de si mais pausada. Já tínhamos corrido muito. No fim da maratona, anda-se a ritmo lento para baixar o batimento cardíaco. Era começar a fazer picos pela ala para rebentar no placard da Gillete ou Rexona lá ao fundo, à la José bosingwa, sem olhar para área, remate em forca contra o espectador atento. Pe direito cego e o esquerdo nao ve.
Nesse dia fomos todos jantar. Parecia que todos se conheciam há bastante tempo, tal era a cumplicidade. Acabamos num show de lady boys, formato chuva de estrelas, com direito a playback, e, caso o freguês tivesse tomates, lap dance e afins. Entrada livre mas com bebida a custo de bar de meninos, lá consegui dividir uma cerveja de cinco euros com a Ana. Deu para perceber que a cena do trainspotting no banco de trás do carro, por estes lados há de ser mato. Ney Matogrosso. Algumas, com o barulho das luzes, juntando uma carroça cheia à travessia do deserto, adquiriam jogar no Balazar, dentro de muitas normas e standards europeus. Brace yourselves, Winter is coming. Houve quem dissesse que já tinha comido pior e a pagar. E a Asae não ia meter o bodelho no bizz.
A ilha foi esvaziando.
Tínhamos sempre pé e quase que nos sentavamos antes da orla de corais que forrava toda a frente de mar da sairee. A palmeira lá do quintal era das mais requisitadas para fotos, e das que mais sofria com turista burro a trepa-la. No inicio tambem fomos burros a querer trepa-la, depois ficamos normais outra vez. As palmeiras, com sede de vinganca, ainda nos tentaram partir a cremalheira com cocos lançados à má fé, aquele biqueiro que dás no mosh pit, ao calhas mas a saber que é pro mesmo que te acertou com o cotovelo no sing along da malha anterior. Um desculpa lá mas foi de propósito. Ainda bem que caíram ao lado. Quase que deram agua de côco vermelha e grates.
Falando de KOs, o combate no sairee stadium teve dois portugueses da equipa de muay thai do marítimo. Gente boa onda e prestável. Ganharam os dois combates, e, só comigo e com a Ana na bancada, já pareciam estar a jogar em casa. Só faltou berrar golo ou falta. Os palavrões e as palavras de incentivo estavam todas lá. Até ficaram confusos ao ouvirem tanta palavra de carinho, enquanto ritmavam a distribuição de bufetadas a torto e a direito no ringue. O Arara fez um knockout com quatro joelhos seguidos, o um ultimo com um clinch perfeito. O lutador tailandês adormeceu e foi caso de policia para o acordarem. O Alberto Joao veio dizer que era valido, que estava tudo dodo, e que portantos, havia de seguir o carnaval que a vitoria era nossa. O Ingles que foi para o combate a pensar que ia fazer boxe britanico, levou uma penhanha pela direita que nao so caiu redondo, como se foi cruzando conosco durante o resto da estadia, com um olho a belenenses que nem o Jesus, nos tempos aureos em que nem na playstation ganhava ao fifica, tinha feito melhor. Ca padrada.
À parte de tudo, demos por nós a pensar, enquanto a cabeça estava fora de água, na categoria de lugar e pacatez de vida - ócio diria Pessoa, nem posso acreditar dizíamos nós. Ao fim de alguns dias da rotina de treinos, praia, pizza, chang fresca, panquecas com banana, fruitshakes e caminhadas, parecia que já lá morávamos há meses.
A palmeira e o mar continuaram bonitos, apenas menos surpreendentes que no início.
Hoje fugimos para sul, para ver as torres da Bilonia, quem la vai nunca mais torna, em Kuala Lumpur.
Stereophonics - Maybe Tomorrow
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